Matéria Prima 

Os tecidos são confeccionados na Empresa Santa Luzia Redes e Decoração, com linha de algodão reciclado e garrafas pet descartadas, matéria prima produzida de forma ética, responsável, e principalmente, com foco no aspecto sustentável - Preocupação da Empresa que figura no mercado como referência no ramo, há 30 anos, desenvolvendo redes de dormir e produtos de decoração . 




Parceria com a Santa Luzia

Meu trabalho com a Santa Luzia iniciou por meio de um contato do grupo Natural Cotton Color. Naquele momento,  a empresa entrava no grupo para agregar um produto que não existia, que era o caso das redes na área de decoração, se fazia moda  mas não se fazia redes. A partir desse momento, eu comecei a elaborar as coleções das Redes Santa Luzia; há mais de quatro anos. Por meio de um convite, João Pimenta veio a Paraíba conhecer o trabalho da Santa Luzia, e inseriu na sua nova coleção, tecidos em algodão colorido desenvolvidos pelos teares da Santa Luzia. Ano passado, nessa condição, de parceria com a empresa, surgiu meu desejo de elaborar um produto autoral, "Romero Sousa", considerando minha experiência anterior quando fui proprietário e estilista da marca Z-AZ, cuja proposta era confecção de bolsas em couro. Naquele momento, já colocava em prática o slow fashion, muito antes de se apresentar como "boom". A sustentabilidade foi a válvula propulsora para retomar a produção de peças assinadas por mim: um perfil sustentável, que é um aspecto que eu incorporei há bastante tempo na minha rotina e forma de trabalho, produtos cuja característica, prima pelo social, valorizando o empoderamento das mulheres e artesãs que trabalham nesse segmento. E nada como desenvolver um produto e utilizar como matéria prima insumos da Rede Santa Luzia, que acolheu de imediato, com um desconto especial nos tecidos padronizados com o design têxtil desenvolvidos para as coleções.  Uma contrapartida bem ao estilo do gestos de Armandinho (CEO da Empresa), sempre atento à divulgar a empresa que a cada dia amplia suas ações.

Rogério Ortiz

Rogério Ortiz é fotógrafo, cineasta, pesquisador e doutorando em semiótica. Conheci Rogério em São Paulo na PUC quando fui ministrar uma palestra sobre inovação artesanal, e desde que fomos apresentados pela nossa amiga Káthia Castilho, que não teve outra: tornamos grandes amigos e parceiros. Ele é quem assinta o Editorial "A Bermuda", em fevereiro deste ano nas areias da Praia do Bessa, em João Pessoa. 

Serviço:  V Agency Models
Modelos: Arthur Alves e Rafael Correia

Agradecimentos:
Ricardo Barbosa
Wagner Monteiro

Slow Fashion

Conceito introduzido em 2008 pela Design Kate Fletcher, que propôs um modelo sustentável de consumo onde o menos é mais. O Slow Fashion propõe o investimento em peças artesanais, exclusivas, de alta qualidade, atemporais e com produção limitada, matéria prima orgânica, como forma de combater o consumo desenfreado e desnecessário, típico do modelo fast fashion. No Slow Fashion é possível acompanhar toda cadeia produtiva onde o consumidor tem a possibilidade de conhecer a origem do produto.



As Bermudas

A padronagem em sua maioria são listrados com tendências para o xadrez  que remetem a alfaiataria masculina com características contemporâneas, destinado a um público amplo e eclético. A costura ficou a cargo de uma única costureira, Dona Josenita, moradora da cidade de São Bento, no sertão da paraíba.  A escolha por Joselita se deu em razão do trabalho minuncioso que desenvolve com as peças que produz: ela modela; corta; costura e finaliza com o acabamento perfeito; é justamente na costura onde o aspecto Slow Fashion se apresenta marcante. Outra característica desse conceito é a preocupação com a abordagem ecológica e consciente, e pensando nisso, escolhi o fio do algodão reciclado para confecção desta coleção. Foram produzidas 30 bermudas ao longo de quatro meses, pois além de artesã, D. Josenita é dona de casa, e naturalmente precisa conciliar seu tempo com os afazeres.  Nos produtos da grife Romero Sousa por Romero Sousa, exclusividade é o carro chefe da marca: as produções são bastante híbridas, cada padrão de estampa foi confeccionado em 03 peças, cada qual num tamanho específico, P, M e G.
A preocupação com a qualidade e o design faz das peças um produto diferenciado, por fora e por dentro, com o frescor de um artigo artesanal, oferecendo conforto  e  design atemporal.  



Um pouco da história inspiradora de D. Josenita - Artesã das Redes Santa Luzia

D. Josenita, 52 anos, natural de Jardim do Seridó/RN, tornou-se costureira por necessidade em virtude da perda de sua mãe aos 16 anos de idade, que deixou 10 filhos, sendo Josenita a segunda mais velha. Em razão da necessidade de vestir seus irmãos mais novos, o caçula com dois anos de idade à época, ela assume o desafio de criá-los: 

"como naquela época loja era muito difícil e cara, eu tive que inventar.  Então tinha uma máquina velha lá em casa e eu comecei a inventar: inventava uma sainha; fazia um shorte; fazia uma blusinha; desmanchava uma, fazia outra, e assim me tornei costureira sem precisar fazer corte costura, sem precisar fazer curso nenhum."

Na ocasião da morte da sua mãe, seu pai, que sempre trabalhou fora, estava na cidade de  São Bento, na Paraíba, fato que ocasionou a ida de seus filhos para lá. Em São Bento, D. Josenita inicia o ofício de confecção de redes e em virtude dessa habilidade, começa a trabalhar com artesanato nas Redes Santa Luzia. Nasce uma artesã!

"Em 2006, eu tive que me afastar da Rede Santa Luzia por problemas de doença na família, ai então eu comecei...fui para João Pessoa, passei seis meses ai em João Pessoa, e voltei e comecei a trabalhar para as Redes Santa Luzia em casa; comecei trazer máquinas e fui trabalhando, fazendo artesanato..."

Para ela, trabalhar com essa proposta de tecido para confecção de bermudas foi um grande desafio:




"Como eu gosto de desafio, enfrentei", declarou a habilidosa artesã. 
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